A expansão dos veículos elétricos pretende contribuir para modernização da mobilidade e na busca por soluções mais sustentáveis. No entanto, o avanço tecnológico deve ser acompanhado por uma análise criteriosa dos riscos, garantindo segurança e viabilidade em todos os níveis.
A recente regulamentação em São Paulo sobre a instalação de carregadores de veículos elétricos em garagens exemplifica essa necessidade de equilíbrio entre inovação e prudência.
Enquanto países como a França adotam uma abordagem mais conservadora – permitindo a instalação de pontos de recarga apenas em áreas externas ou vias públicas, com espaçamentos adequados – o Brasil segue um caminho que busca compatibilizar segurança e viabilidade técnica.
Após mais de um ano de discussões, o Governo de São Paulo, em parceria com o Corpo de Bombeiros, SindusCon-SP e ABVE, estabeleceu uma regulamentação que exige a instalação de chuveiros automáticos (sprinklers), detectores de fumaça e sistemas de exaustão em garagens de prédios que optarem por pontos de recarga para veículos elétricos.
Essa medida é um avanço importante, mas também reflete os desafios técnicos e financeiros da implementação em áreas internas, especialmente em edificações existentes, onde adaptações podem ser proibitivamente caras.
Mesmo com essas exigências, os riscos associados às baterias de íon-lítio – que podem gerar incêndios de alta intensidade e difícil controle em ambientes fechados – continuam sendo uma preocupação central.
Riscos Associados às Baterias de Íon-Lítio
Um dos principais pontos de atenção é o potencial de incêndios de alta intensidade e difícil controle em ambientes fechados, causado pelas baterias de íon-lítio, componentes essenciais dos veículos elétricos. Apesar de a regulamentação paulista buscar equilibrar segurança e viabilidade técnica – descartando soluções mais radicais, como baias corta-fogo – a proteção de vidas e patrimônios deve permanecer como prioridade máxima.
Impactos no Mercado Imobiliário e Automotivo
Para o setor imobiliário, os impactos financeiros são imediatos. Incorporadoras e administradoras de condomínios já projetam aumentos significativos nos custos de infraestrutura, o que pode desestimular adaptações em edifícios antigos e encarecer novos projetos. Em um momento de margens reduzidas, esses investimentos precisam ser avaliados com cautela, como apontado pela Folha de São Paulo.
No setor automotivo, a preocupação é com o ritmo de adoção dos veículos elétricos, especialmente em grandes centros urbanos, onde a recarga em garagens residenciais e comerciais é essencial.
A transição energética, embora desejável, não pode comprometer os princípios de segurança e a viabilidade econômica.
Prudência: A Bússola da Inovação
O crescimento do mercado de veículos elétricos, que vinha em ritmo acelerado, agora será observado com mais cautela. É fundamental avaliar o impacto dessas regulamentações na expansão do setor e, principalmente, na mitigação dos riscos associados.
A inovação deve caminhar ao lado da segurança. A tecnologia precisa ser uma aliada, e não uma fonte de novas exposições não mitigadas. O cenário exige análises contínuas e um olhar conservador para que a modernização ocorra de forma sustentável, protegendo vidas, patrimônios e garantindo a viabilidade econômica para todos os envolvidos.